Baianidade retratada em nanquim decora ambientes
Santos, orixás, a capoeira, a música, cenários da Barra, do Subúrbio Ferroviário, entre outras referências de Salvador são a inspiração do designer Elano Passos para a arte em nanquim. Emoldurados, os desenhos de traço simples e preciso permitem que os personagens e paisagens da Bahia decorem os mais variados ambientes.
Entre os desenhos de Elano, estão os que compõem as coleções: “Essência dos traços” e “Salvador em nanquim”. “A primeira traz um apanhado geral do que gostaria de desenhar, desde filmes aos temas religiosos, mas sem nenhuma preocupação maior com a curadoria, queria criar e criar”, conta Elano.
Já a segunda coleção é uma homenagem a Salvador. “Esta foi bem mais trabalhada porque queria retribuir tudo o que Salvador me proporcionou até hoje na minha vida profissional e pessoal. Para isso, estudei bastante cada ideia, desde dezembro do ano passado”, afirma. A partir de lista com 100 possibilidades, o artista realizou uma curadoria refinada para chegar as 40 telas que abordam de forma humanizada o cotidiano, o sincretismo religioso, os locais e as festas populares da capital baiana.
As ilustrações do artista, no entanto, preservam a identidade mais comum do nanquim: o preto. “O contraste do preto da tinta e o branco do papel me atrai e combina com o meu conceito de essência dos traços. Busco a simplicidade na arte, excluindo outros elementos que possam desviar a atenção do admirador”, explica Elano.
Você conhece a arte em nanquim?
O estilo é feito com uma tinta que sempre foi muito utilizada, desde os tempos antigos, para o desenho. A tinta nanquim surgiu na China há mais de 4500 anos, popularizou-se pelo mundo e conquistou adeptos em diversos locais. A arte em nanquim se dá através de uma caneta feita de um pigmento negro, extraído de compostos de carbono queimados (como o carvão).
A tinta é extremamente fluida e de rápida absorção pelo papel, dando uma boa cobertura para os desenhos. Se adicionado à água, o nanquim também pode apresentar diferentes tonalidades de cinza. Considerado o primeiro pigmento conhecido pelo homem, o nanquim é comumente encontrado em forma líquida ou em bastão. Mas também pode ser aplicado em pincel e fabricado em diversas cores, a partir de outras fórmulas e ingredientes diferentes.
Vocação natural
Elano Passos se destaca pelos traços de seus desenhos desde a infância. Em paralelo às brincadeiras de rua, ele lia quadrinhos, como Turma da Mônica e Disney, que inspiraram as primeiras suas criações. Posteriormente o interesse do designer foi mudando e ele passou a se encantar com os personagens, como Bob Cuspe, Rê Bordosa, da revista MAD, de Angeli.
Elano conta que o título de artista surgiu de forma muito despretensiosa. “Desenhando com meu filho, surgiu a identidade utilizada em todas as minhas obras e foi quando despertei um maior o interesse pela arte em nanquim”, afirma. Seus desenhos, no entanto, não se limitam apenas ao nanquim. “Dois amigos adquiriram minhas obras para reproduzirem no próprio corpo. Essas tatuagens tem um significado muito grande pra mim por estarem eternizando a minha arte”, afirma Elano.
O designer conta que também faz a obra do jeito que o cliente desejar. “As encomendas são muito especiais por retratarem um momento das pessoas. Crio todas elas com a mesma dedicação e carinho que tenho com as minhas ideias”, garante.
Para quem deseja saber mais sobre arte em nanquim e o trabalho de Elano Passos, vale a pena ficar de olhos nas exposições periódicas que realiza em Salvador. As próximas datas podem ser acompanhadas pelas redes sociais.
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